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Daniel Serra

Fonte - artigo do Mivan Gedeon - dispónivel no site http://www.afamiliajuramidam.org

comp-Daniel_Serra-2-Mar  Depois de 50 anos vivendo no Acre, Daniel Arcelino Serra, 68 anos, retornou ao Maranhão para cumprir uma missão: fundar no estado natal a primeira igreja do Santo Daime. Sobrinho do Mestre Raimundo Irineu Serra, Daniel Serra foi iniciado na doutrina daimista em fevereiro de 1958 pelo fundador do culto. "Era o maior desejo do mestre Irineu fundar uma igreja no Maranhão, terra onde ele nasceu. A doutrina está espalhada no mundo inteiro, mas não no estado. É um desafio grande levantar essa bandeira. A doutrina tem muita coisa para ensinar”, declarou Daniel Serra. Os encontros do Santo Daime estão sendo feitos em locais diversos na Ilha de São Luís, enquanto é edificada a igreja do CICEBRIS - Centro de Iluminação Cristã Estrela Brilhante Raimundo Irineu Serra.

  Daniel Arcelino Serra é filho de Maria Serra (Dona Cota), irmã mais nova do Mestre Irineu, e tendo nascido em São Vicente Férrer quando a mãe ainda era solteira, foi criado toda a sua infância pela avó materna, Dona Joanna d´Assunção Serra. Dela possui muitas vívidas recordações, tanto das orações que rezava quanto dos "causos" que gostava de contar, e é testemunha do carinho que a mãe do Mestre Irineu sempre manifestou em relação a seu filho primogênito de quem não teve notícias por tantos anos.

  Jairo Carioca relata como se deu a vinda de Daniel Serra ao Acre, junto com dois primos seus, nos anos 50:

  "Com pouco mais de um ano de casado, exatamente a 13 de novembro de 1957, as saudades de seus familiares, que não via a cerca de 45 anos, fazem com que Mestre Irineu planeje uma viagem para o Maranhão. (...)

  No reencontro com sua família, em São Vicente Férrer, Mestre Irineu não encontrou mais sua mãe com vida. José Serra, irmão do Mestre, foi quem deu as informações sobre os familiares. Sabe-se que no Maranhão, "ele não falou do Daime, disse apenas do trabalho que tinha com um grupo no Acre, quando decidiu me trazer e mais seus dois sobrinhos: João Serra e Zequinha", comenta Daniel Arcelino Serra, que também embarcou na viagem de volta ao Acre com Mestre Irineu. (...)

   Seus sobrinhos também falaram que "ele fez a viagem de volta toda mirando na proa do barco", afirma Daniel Serra. "Foi nessa viagem que ele recebeu as instruções de fardamento", acrescenta dona Peregrina Gomes Serra. (...)

  No dia 13 de fevereiro de 1958, o Mestre desembarcava no porto acreano. Foram mais três dias de intensas festas no Alto Santo. A irmandade aflita aliviava-se com a presença física do Mestre, que fazia questão de apresentar um a um os sobrinhos que havia trazido do Maranhão. A integração de Daniel, Zequinha e João Serra foi rápida, logo logo eles estavam adaptados aos trabalhos do tio e à convivência com seu grupo de seguidores. "Chegando aqui nós ficamos encantados com toda aquela recepção, os dias de festa. Parecia que vinha chegando uma grande autoridade", relata Daniel Arcelino Serra."

  Ao lado de seu tio já ancião, Daniel se mostrou esforçado e dedicado na lida da administração rural da colônia do Alto Santo, atuando como verdadeiro braço-direito do Mestre em todas as necessidades. Casou-se com uma jovem seguidora da Doutrina, por nome Otília, e tiveram uma única filha, Maria do Carmo, que hoje, junto ao esposo Émerson e aos filhos Gabriel Matheus, Gabriel Lucas e Giovana, também vivem em São Luís apoiando o projeto do CICEBRIS.

  Em "A Família Juramidam", depoimentos de Daniel Serra ilustram a importância de sua posição atual como representante da família do Mestre Irineu aberto ao contato com as diferentes vertentes doutrinárias abraçadas por seus seguidores, a fim de dirrimir dúvidas e esclarecer a história:

  "Quando eu cheguei em Rio Branco, no dia 13 de fevereiro de 1958, eram poucos os fardados; quando juntava trinta fardados era muito. Depois de um tempo, me deu vontade de me fardar, mas ele, o Mestre, achou que não era tempo, e quando chegasse a hora ele me avisava. Dois anos depois eu me fardei. Nesta época só se fardava em duas datas, Dia de São João (dia 24/6) e Dia de Nossa Senhora da Conceição (8/12) e sempre fardava mais de uma pessoa. Os que queriam se fardar tinha que esperar essas datas. O maracá, que foi o primeiro instrumento que ele recebeu da Rainha, era o seguinte, tinha ensaio para as pessoas que queriam aprender. Tem gente que quer tirar o maracá dos trabalhos, isso está errado.

O Mestre de vez em quando ensinava também os passos do bailado. Estes ensaios eram sem farda. No fardamento ele dava a instrução, falava que o pessoal fardado tinha que formar corrente sempre com os pensamentos positivos. Aquele que caprichasse mais, passava para a fila da frente. Virava logo pessoa de apoio, independe de antiguidade.

  Falava também como se comportava o fardado no dia-a-dia. Tem que ter um comportamento de respeito e amor com os irmãos. Foi assim que o Mestre começou. Depois é que veio a farda oficial, não lembro a data. O primeiro hino da farda oficial foi o dele. Nesta época tinha poucos Hinários. Só quem tinha era o Germano Guilherme, João Pereira, Maria Damião, Antônio Gomes e depois mais outras pessoas como Raimundo Gomes. Depois desta datas começaram aparecer mais Hinos.

  Sim, a cerimônia acontecia antes de começar o trabalho. O Mestre dava as instruções de como se comportava um fardado e em seguida chamava um por um para colocar a estrela no peito. As vezes, quando era muita gente, ele convocava outros fardados para também colocar as estrelas nos novos fardados. Eles já começavam o trabalho fardados..."