Site do Centro de Documentação e Memória - ICEFLU - Patrono Sebastião Mota de Melo

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Céu do Juruá

Texto de Vera Fróes e Gabriel Domingues, do livro Linha do Tucum, artesanato da Amazônia

O Vale do Rio Juruá

O Juruá está inserido na grande região das nascentes dos rios da Bacia Amazônica, reconhecida como a de maior diversidade biológica e cultural do planeta. É uma área extensa que se inicia nos Andes e vai até o Baixo Amazonas. O Rio Juruá, afluente do Rio Amazonas, nasce no Peru, tem cerca de 3.350 km de extensão e é considerado um dos rios mais sinuosos do mundo.

A flora da Bacia do Juruá recebe influência de outras floras, como a do Peru, Equador e Guianas, bem como de espécies que ocorrem no México e em outros países da América Central. Existe também influência de espécies originárias do cerrado e da mata atlântica.

A ocorrência das palmeiras (família Palmae) é grande em todos os tipos de ecossistema da região. Se no Sudeste do país as palmeiras são valorizadas pelo seu valor ornamental, na Região Norte elas representam a própria sobrevivência do povo da floresta, oferecendo suas madeiras para a construção das casas, as palhas para os telhados, os frutos para o alimento e as raízes para o remédio, além do óleo, o azeite, o sal, o chapéu, a rede de dormir e a tarrafa.

Açaizeiro e palmeira Tucum

De uma maneira geral, a riqueza biológica da região registra, não apenas a presença de espécies raras ou desconhecidas de pássaros, insetos, anfíbios e plantas, mas também a ocorrência de espécies andinas e sub andinas. A riqueza de ambientes condiciona o aparecimento de diversos tipos florestais, entre estes, a floresta aberta com palmeiras, a floresta aberta com bambu (tabocal), floresta de várzea e lagos e a floresta densa, na planície aluvial ou nas serras. A riqueza se traduz não só pela enorme variedade de flora, fauna e material genético, mas pelos conhecimentos tradicionais acumulados. Diversas culturas, formadas por tribos indígenas, seringueiros e ribeirinhos, promovem o intercâmbio de fazeres e saberes compondo uma identidade cultural uniforme e ao mesmo tempo diferenciada.

São os povos da floresta que mantêm a saúde dos sistemas naturais, conservando e mantendo o equilíbrio dinâmico das espécies na natureza, são os zeladores não remunerados de um bioma de fundamental importância biológica e econômica
 

Situação Geográfica

O Seringal Adélia está situado no município de Ipixuna (AM), na região do Baixo Juruá, sudoeste do estado do Amazonas, entre as coordenadas 6°50’ e 6°55’ S, e 71°15’ e 71°10’ W, próximo à divisa com o Estado do Acre.

Nesse seringal vivem atualmente cerca de vinte famílias – 140 pessoas, ligadas por laços culturais a outras quatro comunidades do Vale do Juruá, totalizando 350 pessoas. A Vila Ecológica Céu do Juruá localiza-se na antiga colocação conhecida como Estorrões, uma das unidades produtivas do Seringal Adélia.

O Vale do Juruá é uma região muito remota, desprovida de ligações rodoviárias. O Município de Cruzeiro do Sul, segundo maior do estado do Acre, está situado às margens do rio, na fronteira com o Estado do Amazonas. Este município é o único da região com aeroporto para vôos comerciais regulares. Dali se parte de barco para Ipixuna, descendo o Rio Juruá, numa viagem de aproximadamente um dia. De Ipixuna (AM), empreende-se outra viagem de 15 horas de barco até o seringal. O centro da vila está distante cerca de 10 quilômetros da margem do rio. Nos meses de cheia, todo carregamento que chega ao porto precisa ser transportado nas costas, por cerca de três horas, mata adentro, até a terra seca. Os homens chegam a carregar mais de 50 quilos através das “pinguelas”, espécie de pontes feitas com troncos de árvores, utilizada na travessia de terrenos alagados. Por essa dificuldade, as famílias se acostumaram a usar basicamente os recursos disponíveis para se manterem, praticando a pesca, a agricultura de subsistência e o extrativismo de uso múltiplo da floresta.

No inverno, a situação é mais favorável ao transporte, que pode ser feito de canoa, em uma hora, através dos igapós formados pelo rio. Por outro lado, as cinco famílias que vivem na beira do rio enfrentam dificuldades nesse período chuvoso. As plantações ficam submersas, os animais domésticos (gatos, patos, galinhas) precisam se abrigar nas árvores e as casas ficam praticamente ilhadas.

Cena do rio Juruá e o porto de acesso à Vila

 

O fato das pessoas residirem mais ao centro ou na beira do rio, determina diferentes costumes. O terreno alagado na época das chuvas torna-se extremamente fértil no período de seca, em função da deposição de solos de aluvião, tornando-se por isso propício para a plantação de milho, feijão, jerimum e melancia, cultivados próximo às praias formadas ao longo do rio. Nos meses de setembro e outubro, as famílias da beira dispõem de fartura de grãos, legumes e raízes.

Na região do centro, por sua vez, ocorre a abundância de diversas espécies de palmeiras, muito utilizadas na alimentação: pupunha, açaí, patuá, buriti e bacaba. Plantam maxixe, gergelim, abacaxi, ananás, banana, carambola, cupuaçu e outras frutíferas. É comum o cultivo de jerimum e tabaco associado ao roçado de macaxeira.

Algumas famílias do centro também plantam nas praias, mas após a colheita, os frutos e grãos precisam ser carregados em sacas. por horas. até o centro, onde são armazenados e construídos. É comum a troca de produtos entre famílias do centro e da beira, pois estão ligadas por fortes laços de solidariedade.

“Eu agora estou na luta, plantei, então eu tô puxando da roça o feijão, o milho, o jerimum e o maxixe, tudo na beira plantado né? O melão, tudo quanto é coisa de comer. Vai ser a maior fartura, vai ter tudinho e dou o que eu plantei e sobra pra mim” (Francisca Alves, moradora do centro).

 

Histórico do Seringal

A história do Seringal Adélia, remonta aos antigos seringais, cuja produção de látex teve o o apogeu no ano de 1912, seguida de um declínio nas décadas seguintes e uma retomada da produção na época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Típico seringal na década de 1930

O primeiro ciclo da borracha, que se iniciou no fim do século XIX, foi marcado por uma intensa migração nordestina para Região Norte do país, incentivada por grupos de agenciadores que prometiam boas condições de trabalho e uma perspectiva de futuro próspero. A seca que se abateu no nordeste contribuiu também para o incremento da mão-de-obra na extração do látex na Amazônia.

Durante esse ciclo, os ingleses coletaram sementes das árvores seringueiras para plantar em solo asiático. A partir de 1912 a borracha asiática começou a fazer frente à borracha brasileira, cuja produção foi reduzida progressivamente até o período da Segunda Guerra Mundial, quando o Japão tomou o controle da borracha asiática. Então, os países aliados, como os Estados Unidos, voltaram os olhos para a borracha brasileira.

No período de decadência da borracha brasileira, outras atividades extrativistas na Amazônia, inibidas durante o auge do primeiro ciclo, foram resgatadas, notadamente a partir da década de 1920, como uma forma de readequação do uso da mão de obra. Destacaram-se, nesse contexto, o desenvolvimento das atividades agrícolas, a exploração de produtos não madeireiros como a tucumã e a obtenção de fibras de Tucum, além da manufatura da farinha.

Com a Segunda Guerra, iniciou-se o segundo ciclo da borracha, contando novamente com a mão de obra nordestina, conforme relato de FERNANDES (1986):

“Aproveitando o êxodo ocasionado pela seca em 1942, o governo passa a intervir diretamente, convocando os trabalhadores a se alistarem como “soldados da borracha” por dois anos, mediante um pequeno salário para a viagem, um adiantamento em dinheiro deixado para a família e muitas promessas, como o pagamento da viagem de retorno (que nunca ocorreu)”.

Esse ânimo na produção da borracha, porém, dura só até o fim da guerra. Já no ano de 1946, o preço da borracha começou a cair novamente diante da forte concorrência da produção asiática. No fim da década de 1950, a situação nos seringais já se encontrava bem precária, com os efeitos da inflação que recaía pesadamente “nas costas” dos seringueiros.

Dessa forma, repetindo o que se observara no passado, muitas famílias de seringueiros tiveram que buscar outras alternativas de sobrevivência na floresta, ou migrar para os centros urbanos, como Rio Branco (AC) – em franco crescimento na época –, na perspectiva de obter melhores meios de subsistência. Houve então uma dispersão das famílias que viviam nos seringais e a consequente desmobilização de suas atividades produtivas.

Foi nesse contexto que Sebastião Mota de Melo, sua esposa Rita e seus  filhos, Valdete, Alfredo e Pedro, com respectivamente 10, 7 e um ano de idade, deixou o seringal Adélia. Viajaram rio acima, puxando por cordas sua canoa, durante dois meses, até chegar a cidade de Cruzeiro do Sul. De lá partiram para Rio Branco, onde se estabeleceram pelos vinte anos seguintes, numa colônia de agricultores, que abrigara muitos ex seringueiros, conhecida como Colônia Cinco Mil.

Durante esse tempo o Padrinho Sebastião conheceu o Daime pelas mãos de Mestre Irineu. Homem de fé, atencioso, trabalhador e carismático, logo estabeleceu sua igreja na localidade, freqüentada por boa parte dos moradores dali, que reconheciam sua liderança natural. Insatisfeito com a pobreza do solo e o avanço da Cidade de Rio Branco, decidiu pelo retorno ao seio da floresta onde antevia um futuro mais promissor, em harmonia com a natureza.

Unindo todos os esforços a comunidade mudou-se para uma localidade batizada de Rio do Ouro, cedida pelo INCRA. Depois de estabelecidos, souberam que, por erro do próprio INCRA, teriam de se mudar para outro local. Foi quando fundaram a Vila Céu do Mapiá, em 1983.

Alfredo Gregório de Melo, filho e herdeiro espiritual de Sebastião, sempre manteve viva na memória  a idéia de revisitar ao local de seu nascimento, onde começou a saga de sua família. Somente quarenta anos depois, Pad. Alfredo realizou esse sonho e visitou seu seringal de origem. Com ajuda de amigos comprou aquelas terras e deu início a uma nova etapa de prosperidade no local.

Alfredo Gregório de Melo, o Padrinho Alfredo
 

Historicamente, o Seringal Adélia se destacava pela sua produção agrícola associada à extração do látex. Ao contrário do que se observava em outras colocações, a agricultura era estimulada, havendo a frente de trabalho da agricultura e a da borracha. Nos bons tempos da extração da borracha, viviam cerca de 300 famílias no seringal, que se dividiam entre os trabalhos extrativistas e agrícolas.

“Aqui é da onde se produzia muita cana, muito grumixó, café, muito café. E tudo pelos seringueiros. Nesse tempo não tinha agricultor. Agricultor era só o patrão. Mas naquela época era só os seringueiros mesmo”(Sr. Nercil, primeiro morador da comunidade).

O Sr. Adílson Malunga, filho do antigo dono do seringal, confirma que a colocação dos Estorrões era famosa pela grande produção de grumixó (açúcar mascavo). Segundo ele, a colocação era considerada a melhor terra de cana-de-açúcar da região. Eram produzidas também goma de araruta, farinha, goma de farinha e gengibre. O antigo seringalista conta que as primeiras sementes de guaraná retiradas na região vieram dos Estorrões. A produção de gengibre era destinada à exportação.

 “A agricultura era uma atividade importante para a manutenção do seringal. Foi o lugar de mais fartura que eu já vivi... o lugar mais rico em açaí” (Adílson Malunga).

A área correspondente à colocação dos Estorrões permaneceu abandonada nesses quarenta anos. Depois de sua volta, em meados da década de 1990, Alfredo Gregório de Melo começou a reunir parentes e agregados dispersos ao longo do Rio Juruá. Assim nasceu a Vila Ecológica Céu do Juruá.

“Nessa época a gente só contava com três famílias para morar, aí foi quando pessoas de Cruzeiro do Sul e de outros lugares se animaram de vir. Eu expliquei que era um trabalho ecológico, espiritualista, eu queria que todo trabalho daqui fosse voltado para o respeito e a preservação da floresta, da própria natureza” (Alfredo Gregório).


Beneficiamento de sementes, confecção de artesanato e produção da linha do tucum no Céu do Juruá.

 

É uma nova proposta de vida comunitária para as antigas colocações, tanto às localizadas na beira do rio quanto às do interior. A atividade do artesanato, confeccionado a partir da extração de produtos florestais não madeireiros, representou uma alternativa ambiental segura e economicamente viável de obtenção de renda para essas famílias. É também uma oportunidade de resgatar práticas tradicionais de subsistência na floresta, herdadas das primeiras gerações de seringueiros que habitaram o solo amazônico e muito aprenderam com os povos indígenas.

Esse movimento representou uma nova perspectiva para as diversas famílias que, dispersas ao longo do Vale do Juruá, desde a decadência do ciclo da borracha, buscam agora alternativas de se manterem na floresta de forma digna, aplicando o conhecimento acumulado por gerações e cultivando seus valores culturais e simbólicos

 

Aspectos Sócio Ambientais

O período em que a colocação dos Estorrões permaneceu em “descanso”, por quase cinco décadas, foi suficiente para que a mata se regenerasse, ficando o local irreconhecível aos antigos moradores que para lá retornaram, em 1996. A área ao redor do centro da vila, por exemplo, que hoje é coberta por matas e capoeiras, já foi um grande pasto.

 

Um modelo de ocupação agroflorestal e  o centro da Vila, com a pequenina igreja

 

Há cerca de dez anos, quando as atividades foram retomadas no seringal, buscou-se introduzir nos sistemas agrícolas familiares um modelo de ocupação agroflorestal, baseado no cultivo de cereais e leguminosas, associado ao plantio de árvores frutíferas como a bananeira, ingazeira, goiabeira, mamoeiro, pitangueira, juntamente com o araticum, beribá, graviola, abacate, cupuaçu, caju, cítricos, manga, jaca, jambo, carambola, pupunha, castanha, madeira de lei (cedro), além de espécies arbustivas (chacrona) e cipós (jagube), nativos da Floresta Amazônica, utilizados em cerimônias religiosas.

A comunidade maneja com sabedoria os recursos naturais da floresta. Usando o princípio da prudência, compartilham com os animais os apreciados frutos das palmeiras e também a roça. Explicam que ao se colher um fruto, deve-se retirar apenas um terço, o outro terço é para os animais e o terço restante para a natureza, a fim de germinar e surgir nova muda. Dessa forma regulam a manutenção do ecossistema, evitando o que se chama de floresta vazia, floresta sem animais.

“Patoá, buriti, açaí e a bacaba. Isso tudo é planta nativa da mata que serve de alimentação tanto pra gente que nem pros animais – paca, cutia, macaco, tudo serve de alimento para os animais. Porque essas que a gente planta, tudo serve pra gente e serve para os animais, paca, cutia, passarinho, todo animalzinho também se serve das plantas que a gente planta.”  (Sr. Francisco – agricultor da beira)

 

Produção da farinha de mandioca e limpeza do feijão

 

A farinha de macaxeira e o peixe são a base da alimentação, complementada pelos frutos das palmeiras, importantes fontes de nutrientes para os moradores. Os mais utilizados são o açaí (Euterpe precatoria), a bacaba (Oenocarpos bacaba), a pupunha (Bactris gasepaes) e o patoá (Oenocarpus bataua). Nos meses de dezembro e janeiro, quando a pesca é prejudicada pelas enchentes dos rios, o açaí se torna o alimento mais consumido. É ingerido em forma de suco, comumente misturado com a farinha, sal ou açúcar.

 Para o plantio da macaxeira existem atualmente três roçados na comunidade, administrados de forma coletiva. O feitio da farinha também é realizado coletivamente nas casas de farinha. É comum observar em algumas casas a utilização da farinha misturada com água, “jacuba”, na alimentação dos animais domésticos: cães, gatos, galinhas e patos.

“A planta que não pode nunca faltar aqui pra gente é o feijão, o arroz e a macaxeira. E principalmente a macaxeira. Essa é uma que não pode faltar aqui. É a farinha, essa é a principal mesmo, que pode faltar o feijão, pode faltar o arroz, mas tendo a farinha aí tem tudo” (Sr. Francsico - morador da beira).

A pesca é feita de várias maneiras: arco e flecha, arpão, linhada, tarrafa, malhadeira e caniço. É realizada praticamente durante todo o ano, nos dois principais lagos: lago do Sal e lago Grande, que apresentam grande variedade e abundância de peixes. Os peixes são classificados em três categorias: peixes com escamas (os preferidos), peixes de couro (alguns considerados remosos) e peixe de casco (pouco apreciado).

 

Peixes de escama – tambaqui, aruanã, cará, traíra, sardinha, mocinha, pacú, tucunaré, piau, caruaçu, sabarú, matrinxã, janaqui, poraquê (peixe-elétrico); peixes de couro – pirarucu, surubim, caparari, pirarara, cuiu, bonfim; peixe de casco – nessa categoria só o curioso bodó, que tem uma carapaça muito dura, e que depois de cozido é preciso quebrar-la para comer.

 A caça não é permitida pela associação de moradores, a intenção é repovoar a fauna que existia no passado, exceto em casos de falta de alimento ou em uma comemoração especial. No entanto, a caça ao jacaré é estimulada uma vez que ocorre uma superpopulação dessa espécie nos lagos, sem predador.

 A pesca é realizada individualmente ou em grupo pelos homens. As mulheres ajudam na agricultura, tecem e remendam as redes  (malhadeiras), utilizadas na captura dos peixes. Tradicionalmente utilizava-se a rede tecida com a linha da palmeira Tucum (Astrocaryum chambira). A linha oferece uma resistência maior à peixes como o “mandir”, que comumente arrebentam a linha de nylon. Em geral com três pescas semanais cada família garante o seu suprimento diário. O peixe bem salgado pode se manter próprio para o consumo humano por até três dias.

As filhas mais velhas cuidam da casa e dos irmãos menores. A cozinha é o principal lugar da casa, sempre muito limpa, enfeitada de cartazes e recortes de jornais, com fotos de santos e panelas reluzentes penduradas na parede de paxiúba. A quantidade de panelas e utensílios expostos indica um certo grau de prosperidade.

Cada família tem em média de cinco a oito filhos e não é raro haver filhos de criação e agregados. Cada casa possui o seu “porto”, constituído por tábuas assentadas no igarapé, usadas para lavar roupa, louça, tomar banho e beber água.

 

Casa tipicamente amazônica e a cozinha de D. Maria Simão

 

As casas, de maneira geral, não possuem banheiros e são utilizadas fossas e buracos no chão. No entanto, a partir da constatação de verminoses, os banheiros começam a ser planejados.

As casas são construídas com madeiras existentes na região, principalmente caroba, murapiranga, jacareúba, maçaranduba e a paxiúba (cujo tronco batido é muito utilizado na formação de pisos e paredes). Além dessas, também são utilizadas  cupiúba, tuari, angelim, pau-d’arco, paxiubinha e jatobá. Os telhados, em sua maioria, são cobertos de palhas de jaci (Attalea butyracea) “palheira” como é chamada a palmeira, com durabilidade de três a quatro anos. A palha de maior qualidade é a de caranaí (Lepidocaryum tenue), mas só é encontrada muito longe, no Reconquista, seringal vizinho. 

 


Cenas da escola e de reuniões comunitárias

 

Todas as segundas-feiras os moradores se reúnem para o mutirão. Os trabalhos são direcionados para o setor de maior necessidade, variando entre limpezas dos roçados, feitura de farinha, construção de casas, limpeza dos caminhos e igarapés, e feitura de canoas.

 

A igreja

 


A Igreja do Céu do Juruá, a casa de feitio e uma bateção do Jagube