Site do Centro de Documentação e Memória - ICEFLU - Patrono Sebastião Mota de Melo

Tradução Google

Portuguese Dutch English French German Italian Japanese Spanish

A expansão

O papel de Sebastião Mota na expansão do Santo Daime

Nos tempos das primeiras perseguições ao Daime, se falavam os maiores absurdos do mestre Irineu, como se ele fosse um feiticeiro e outras coisas do gênero.
A policia chegou a prender o mestre, interditar os cultos, apreender o sacramento e fazer diversas ameaças.

Em épocas posteriores, depois da passagem do mestre, houve novas perseguições. Os principais dirigentes do Daime da época enterravam o Daime, tomavam escondido e mesmo se livravam dele entornando-o no mato. Sebastião Mota sempre foi um homem corajoso e de princípios. O seu Santo Daime, mesmo nestes momentos, sempre esteve em cima da sua mesa de trabalho, apesar dos conselhos para que fosse discreto e os boatos de iminentes batidas policiais.

É bom que todos saibam como foi árdua a luta pelo reconhecimento, aceitação e legalização do nosso sacramento. Quando hoje, em qualquer uma das nossas dezenas de igrejas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo , comungamos a luz do nosso sacramento, devemos ser gratos ao Padrinho Sebastião.

Nestes últimos últimos vinte e cinco anos, gastamos muito tempo, energia e trabalho em reuniões, encontros e até mesmo confrontos, com aqueles que não confiavam que o Santo Daime fosse uma tradição verdadeira e idônea.

Felizmente prevaleceu a verdade. Em 1982 tivemos a primeira comissão que foi visitar nossa comunidade no Rio do Ouro. Em 1986 desempenhamos novamente um papel importante nas reuniões e visitas levadas a cabo pelo GT AYAHUASCA do antigo CONFEN , presidido pelo jurista Domingos Bernardo. O parecer deste grupo resultou na liberação do uso ritual da ayahuasca/Santo Daime em 1987.

O caso foi reaberto em 1991 e novamente em 1995, até a regulamentação definitiva de novembro de 2006, no encerramento do trabalho do Grupo multi-disciplinar de trabalho do CONAD- GMT/ CONAD.

Nestes momentos mais graves da luta pela legalização do nosso sacramento e da nossa religião, a participação do nosso querido e saudoso Padrinho Sebastião foi muito importante.O seu carisma, simplicidade, dignidade, sabedoria e humildade foi um exemplo que muito impressionou as autoridades, tanto em audiências públicas como na informalidade do contacto pessoal.

E não é por menos, pois todos que o conheceram sentiram a pureza do seu coração, o tamanho do seu amor, sua sinceridade e a convicção da sua missão espiritual.

Era um autêntico líder, sempre a frente dos trabalhos espirituais e materiais, um amigo leal e um grande companheiro, que nos tratava de igual para igual. Nos tempos difíceis do início da comunidade, quando ainda não havia roçados e o rancho era escasso, ele dispensava qualquer privilégio, preocupações que tínhamos pela sua saúde e alimentação . Fazia questão de partilhar seu "piauzinho" com todo aquele que sentasse a sua mesa e que eram muitos.

A origem da nossa Igreja está neste povo simples e humilde que seguiu o Padrinho Sebastião desde os tempos que ele fazia os seus trabalhos na sede do Mestre Irineu na Alto Santo e depois, quando resolveu fundar a sua própria comunidade.

Como ele mesmo relatou, não houve briga nem desentendimento nesta separação.O padrinho gozava da intimidade do Mestre e tinha com ele muitas conversações espirituais.Tanta confiança o Mestre depositou em sua pessoa que o autorizou a ser um dos feitores do Daime da sua sede. Algum tempo depois do sr Leôncio Gomes assumiu a presidência do centro, após a passagem do Mestre , o Padrinho Sebastião o procurou pedindo para hastear uma bandeira nacional no terreiro da igreja em cumprimento a uma miração que tinha tido.Tendo o senhor Leôncio lhe dito que era melhor fazer isto no seu terreiro, assim ele procedeu, sendo seguido por muita gente.

Depois que ele iniciou os trabalhos , onde é hoje a Colônia Cinco Mil, começaram a chegar muitos buscadores espirituais e também ativistas políticos radicais remanescentes da geração de 60 e que se juntaram aos caboclos para engrossar este eclético caldo de cultura.

Desta forma , esta obra começou a crescer da floresta para os grandes centros urbanos e a informalidade deu lugar 'a organização.Nós, os recém chegados, éramos chamados do pessoal sabido da cidade, a turma da caneta. Ajudamos a formar a instituição CEFLURIS que já existia desde meados da década de setenta com uma característica nitidamente regional e local.

Na década de 80, ela se tornou uma organização nacional com dezenas de filiais. E finalmente, nos anos 90, criou ramificações internacionais. Em todos estes lugares onde a doutrina se expandiu, em linhas gerais o mesmo processo se repetiu. As irmandades cresceram, tiveram que lutar com os preconceitos, 'as vezes com perseguições. No exterior tudo isto ainda foi acompanhado das dificuldades adicionais da cultura, da língua e da falta de informação sobre nossas raízes.

Desde o começo da nossa história, houve esta grande abertura de espírito oferecida pelo padrinho Sebastião, abraçando como afilhados todos nós. Como ele próprio dizia: "o mais feioso e complicado, aquele que ninguém quer, é este que eu quero, é meu"...Esta foi sua marca registrada, que conferiu 'a nossa comunidade um perfil especial e eclético, distinto dos outros centros mais tradicionalistas.

Por outro lado esta postura liberal, compassiva, permitiu que a mensagem da doutrina, que os próprios ensinos do mestre Irineu, antes confinado a um círculo bastante limitado de seguidores predominantemente em Rio Branco e seus arredores, ganhasse o mundo, dignificando a espiritualidade dos povos da floresta, nossa cultura e nossa língua.

Mas ai de quem pensasse que aderir a comunidade do padrinho significasse moleza! Em termos comunitários, as exigências eram ainda maiores. Não era fácil dar conta dos trabalhos. O batalhão dos cabeludos, como era chamado, se esforçava para acompanhar o ritmo intenso dos trabalhos agrícolas. A comunidade, desde os tempos da Colônia Cinco Mil, produzia de tudo e havia fartura.O paiol estava sempre cheio.

Já em termos doutrinários, o padrinho Sebastião, durante toda a sua vida deu testemunho de respeito ao legado do mestre Raimundo Irineu Serra, de quem sempre se considerou discípulo e continuador.

Sempre afirmou que o Santo Daime era a sua vida e a sua saúde. Pelas mãos do mestre Irineu teve sua cura de uma doença que o fez sofrer durante anos.Daí o seu reconhecimento e a sua gratidão, que ele nos passava em muitas conversações, com a voz cheia de emoção.

Portanto, é com muita honra que nos consideramos herdeiros legítimos e autêntica extensão do tronco desta árvore sombreira que foi Raimundo Irineu Serra. Continuamos seguindo nosso caminho, prestando o mesmo tributo ao mestre Irineu e zelando pela sua Doutrina, suas insígnias e seus hinários. Aquilo que foi incorporado 'a ela, foram desenvolvimentos que só a enriquecem: novos hinários cheios de sabedoria, o desafio de juntar o povo em comunidades, a evolução no preparo do sacramento, o estudo da mediunidade, a abertura para o diálogo e as alianças com outras tradições espirituais verdadeiras.

Tudo isso , graças a Deus nos faz sentir como parte de uma doutrina viva , que preserva seus fundamentos, ao mesmo tempo que evolui para satisfazer as novas demandas que o tempo nos trás. E isto é uma grande virtude que evita a fossilização e a perda da eficácia da sua mensagem.

A doutrina do Mestre Irineu é universal, não é a propriedade de uma pessoa ou de um clã. Ela tem diversos segmentos que a honram e a expandem para o benefício de muitos.Nós somos um destes brotos que cresceu e que se tornou também um tronco, cuja seiva alimenta muitos outros ramos que estão fazendo crescer as raminhas do cipó em todo mundo.

Com a expansão da doutrina e as demandas para a legalização do nosso sacramento, tivemos que encarar o desafio da institucionalização da nossa Tradição religiosa. Acreditamos, como herdeiros e seguidores do mestre Irineu e do padrinho Sebastião, que a espiritualidade exige respeito. Nosso centro denomina-se Centro Eclético por que pratica o respeito e a amizade com todas as linhas espirituais, dentro do princípio do respeito 'a diversidade. Nesta medida, preservamos os ensinos que recebemos dos nossos mestres, mantemos a nossa identidade espiritual mas temos também alianças formadas e laços de fraternidade com diversas outras tradições espirituais enteógenas como o peyote, são pedro, iboga, etc.

Acreditamos que este princípio, aliás expresso com destaque nos preâmbulos doutrinários do nosso estatuto, é uma contribuição das mais importantes , que imprime a nossa marca de um movimento social, ambiental e religioso enraizada na tradição do universo da ayhahuasca , antenado com o fenômeno em curso da globalização do uso da ayahuasca e que defende, além de uma visão aberta e não fundamentalista de diálogo com as demais linhas enteógenas, uma mensagem de amor á floresta, que é o nosso lar.

 

A expansão

O papel de Sebastião Mota  na expansão do Santo Daime

 

padnafornalha-fotojuvenilde

 

Nos tempos das primeiras perseguições ao Daime, se falavam os maiores absurdos do mestre Irineu, como se ele fosse um feiticeiro e outras coisas do gênero.

A policia chegou a prender o mestre, interditar os cultos, apreender o sacramento e fazer diversas ameaças.

            Em épocas posteriores, depois da passagem do mestre, houve novas perseguições. Os principais dirigentes  do Daime da época enterravam o Daime, tomavam escondido e mesmo se livravam dele entornando-o no mato.   Sebastião Mota sempre foi um homem corajoso e de princípios. O seu Santo Daime, mesmo nestes momentos, sempre esteve em cima da sua mesa de trabalho, apesar dos conselhos para que fosse discreto e os boatos de  iminentes  batidas policiais.  

É bom que todos saibam como foi árdua a luta pelo reconhecimento, aceitação e legalização do nosso sacramento. Quando hoje, em qualquer uma das nossas dezenas de  igrejas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo , comungamos a luz do nosso sacramento, devemos ser gratos ao Padrinho Sebastião.

Nestes últimos  últimos vinte e cinco anos, gastamos muito tempo, energia e trabalho em reuniões, encontros e até mesmo confrontos, com aqueles que não confiavam que o Santo Daime fosse  uma tradição verdadeira e idônea.

Felizmente prevaleceu a verdade. Em 1982 tivemos a primeira comissão que foi visitar nossa comunidade no Rio do Ouro. Em 1986 desempenhamos novamente um papel importante nas reuniões e visitas levadas a cabo pelo GT AYAHUASCA do antigo CONFEN , presidido pelo jurista Domingos Bernardo. O parecer  deste grupo  resultou na liberação do uso ritual da ayahuasca/Santo Daime em 1987.

O caso foi reaberto em 1991 e novamente em 1995, até a regulamentação definitiva de novembro de 2006, no encerramento do trabalho do Grupo multi-disciplinar de trabalho  do CONAD- GMT/ CONAD.

Nestes momentos mais graves da luta pela legalização do nosso sacramento e da nossa religião, a participação do nosso querido e saudoso Padrinho  Sebastião foi  muito importante.O seu carisma, simplicidade, dignidade, sabedoria  e humildade foi um exemplo que muito impressionou as autoridades, tanto em audiências públicas como na informalidade do contacto pessoal.

E não é por menos, pois todos que o conheceram sentiram a pureza do seu coração, o tamanho do seu amor, sua sinceridade e  a convicção da sua missão espiritual.

 

D001182

 

Era um autêntico líder, sempre a frente dos trabalhos espirituais e materiais, um amigo leal e um grande companheiro, que nos tratava de igual para igual. Nos tempos difíceis do início da comunidade, quando ainda não havia roçados e o rancho era escasso, ele dispensava qualquer privilégio, preocupações que tínhamos pela sua saúde e alimentação . Fazia questão de partilhar seu “piauzinho” com todo aquele que sentasse a sua mesa e que eram muitos...

A origem da nossa Igreja está neste povo simples e humilde que seguiu o Padrinho  Sebastião desde os tempos que ele fazia os seus trabalhos na sede do Mestre Irineu na Alto Santo e depois, quando resolveu fundar a sua própria comunidade.

Como ele mesmo relatou, não houve briga nem desentendimento nesta separação.O padrinho gozava da intimidade do Mestre e tinha com ele muitas conversações espirituais.Tanta confiança o Mestre depositou em sua pessoa que o autorizou a ser um dos feitores do Daime da sua sede. Algum tempo depois do  sr Leôncio Gomes assumiu a presidência do centro, após a passagem do Mestre , o Padrinho Sebastião o procurou  pedindo para hastear uma bandeira nacional no terreiro da igreja em cumprimento a uma miração que tinha tido.Tendo o senhor Leôncio lhe dito que era melhor fazer isto no seu terreiro, assim ele procedeu, sendo seguido por muita gente.

Pad.-5000-74a2

 

 

 

Depois que ele iniciou os trabalhos , onde é hoje a Colônia Cinco Mil, começaram a chegar   muitos buscadores espirituais  e também ativistas políticos radicais remanescentes da geração de 60 e que se  juntaram aos caboclos para engrossar este eclético caldo de cultura.

Desta forma , esta obra começou a crescer da floresta para os grandes centros urbanos e a informalidade deu lugar `a organização.Nós, os recém chegados, éramos chamados do pessoal sabido da cidade, a turma da caneta. Ajudamos a formar a instituição CEFLURIS que já existia desde meados da década de setenta com uma característica nitidamente regional e local.

Na década de 80, ela se tornou uma organização nacional com dezenas de filiais. E finalmente, nos anos 90, criou ramificações internacionais. Em todos estes lugares onde a doutrina se expandiu, em linhas gerais  o mesmo  processo se repetiu. As irmandades cresceram, tiveram que lutar com os preconceitos, `as vezes com perseguições. No exterior tudo isto ainda foi acompanhado  das dificuldades adicionais da cultura, da língua e da falta de informação sobre nossas raízes.

Desde o começo da nossa história, houve esta grande abertura de espírito oferecida pelo padrinho Sebastião, abraçando como afilhados todos nós. Como ele próprio dizia: “o mais feioso e complicado, aquele que ninguém quer, é este que eu quero, é meu”...Esta foi sua marca registrada, que conferiu `a nossa comunidade um perfil especial e eclético, distinto dos outros centros mais tradicionalistas.

Por outro lado esta postura liberal, compassiva, permitiu que a mensagem da doutrina, que os próprios ensinos do mestre Irineu, antes confinado a um círculo bastante limitado de seguidores predominantemente em Rio Branco e seus arredores, ganhasse o mundo, dignificando a espiritualidade dos povos da floresta, nossa cultura e nossa língua.

Mas ai de quem pensasse que aderir a comunidade do padrinho significasse moleza! Em termos comunitários, as exigências eram ainda  maiores. Não era fácil dar conta dos trabalhos. O batalhão dos cabeludos, como era chamado, se esforçava para acompanhar o ritmo intenso dos trabalhos agrícolas. A comunidade, desde os tempos da Colônia Cinco Mil, produzia de tudo e havia fartura.O paiol estava sempre cheio.

 

Pad.-5000-78a-Imp

 

 

Já em termos doutrinários, o padrinho Sebastião, durante toda a sua vida deu testemunho de respeito ao legado do mestre Raimundo Irineu Serra, de quem sempre se considerou discípulo e continuador.

Sempre afirmou que o Santo Daime era a sua vida e a sua saúde. Pelas mãos do mestre Irineu teve sua cura de uma doença que o fez sofrer durante anos.Daí o seu reconhecimento e a sua gratidão, que ele nos passava em muitas conversações, com a voz cheia de emoção. 

Portanto, é com muita honra que nos consideramos herdeiros legítimos e autêntica extensão do tronco desta  árvore sombreira que foi Raimundo Irineu Serra. Continuamos seguindo nosso caminho, prestando o mesmo tributo ao mestre Irineu e zelando pela sua Doutrina, suas insígnias e seus  hinários. Aquilo que foi incorporado `a ela, foram desenvolvimentos que só a enriquecem: novos hinários cheios de sabedoria, o desafio de juntar o povo em comunidades, a evolução no preparo do sacramento, o estudo da mediunidade, a abertura para o diálogo e as alianças com  outras tradições espirituais verdadeiras.

Tudo isso , graças a Deus nos faz sentir como parte  de uma doutrina viva , que preserva seus fundamentos, ao mesmo tempo que evolui para satisfazer as novas demandas que o tempo nos trás. E isto é uma grande virtude que evita a fossilização e a perda da eficácia da sua mensagem.

A doutrina do Mestre Irineu é universal, não é a propriedade de uma pessoa ou de um clã. Ela tem diversos segmentos que a honram e a expandem para o benefício de muitos.Nós somos um destes brotos que cresceu e que se tornou também um tronco, cuja seiva alimenta muitos outros ramos que estão fazendo crescer as raminhas do cipó em todo mundo.

Com a expansão da doutrina e as demandas para a legalização do nosso sacramento, tivemos que encarar o desafio da institucionalização da nossa Tradição religiosa. Acreditamos, como herdeiros e seguidores do mestre Irineu e do  padrinho Sebastião, que a espiritualidade exige respeito. Nosso centro denomina-se Centro Eclético por que pratica o respeito e a amizade com todas as linhas espirituais, dentro do princípio do respeito `a diversidade. Nesta medida, preservamos os ensinos que recebemos dos nossos mestres, mantemos a nossa identidade espiritual mas  temos também alianças formadas e laços de fraternidade com diversas outras tradições espirituais enteógenas como o peyote, são pedro, iboga, etc.

Acreditamos que este princípio, aliás expresso com destaque nos preâmbulos doutrinários do nosso estatuto, é uma contribuição das mais importantes , que imprime a nossa marca de um movimento social, ambiental e religioso enraizada na tradição do universo da ayhahuasca , antenado com o fenômeno em curso da globalização do uso da ayahuasca e que defende, além de uma visão aberta e não fundamentalista de diálogo com as demais linhas enteógenas, uma mensagem  de amor á floresta, que é o nosso lar.