Site do Centro de Documentação e Memória - ICEFLU - Patrono Sebastião Mota de Melo

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O que é o Santo Daime

Textura-altar-88a3  O movimento religioso do Santo Daime, começou no interior da Floresta Amazônica, nas primeiras décadas do século XX, com o neto de escravos Raimundo Irineu Serra, natural do Maranhão.

Ao Mestre Irineu, como passaria mais tarde à história, foi revelada uma doutrina de cunho cristão e eclético, reunindo tradições católicas, espíritas, esotéricas, caboclas e indígenas em torno do uso ritual do milenar chá conhecido pelos povos incas como ayahuasca (vinho das almas) e por ele denominado Santo Daime. De uso bastante difundido entre povos indígenas da Amazônia Ocidental, a bebida é obtida pelo cozimento de duas plantas nativas da floresta tropical, o cipó Jagube ( banisteriopsis caapi ) e a folha rainha ( psicotria viridis ).Tem propriedades enteogênicas, isto é, produz uma expansão de consciência responsável pela experiência de contato com o plano espiritual, através do encontro interior com o nosso Eu Verdadeiro.

 O Mestre Irineu dizia ter recebido os seus ensinos diretamente de Nossa Senhora Da Conceição, que lhe apareceu numa das primeiras vezes que tomou a bebida na região de Brasiléia, Acre.  Ele também trabalhou na comissão encarregada de demarcar as fronteiras do novo estado do Acre onde, provavelmente,  teve a oportunidade de conhecer também tanto indígenas quanto vegetalistas e ayahuasqueiros da fronteira com o Peru.

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  A partir dos anos 30,com um pequeno grupo de discípulos, abriu de forma regular seus trabalhos nas cercanias de Rio Branco. A partir daí foi recebendo  seu Hinário do Cruzeiro. Tal como nos legou o Mestre Irineu, a doutrina traz uma nova ênfase nos ensinos cristãos e uma nova leitura dos Evangelhos à luz do sacramento enteogênico, para afirmar, nos tempos de hoje, os mesmos princípios de Amor, Caridade e Fraternidade.

 D001146  O seringueiro e construtor de canoas Sebastião Mota de Melo, natural de Eurinepé, Amazonas, foi um homem simples de sólida convicção espírita e trabalhador incansável. Discípulo do Mestre Irineu, se tornou um dos seus feitores da bebida sagrada.. Reuniu em torno de si centenas de adeptos - não por proselitismo, mas de forma natural, como resultado da amizade e do respeito que ele conquistou, ao atender a todos que o procuravam em busca de um conforto para os males da alma e do corpo.

    Em meados dos anos 70 construiu um templo na localidade denominada Colonia Cinco Miln nos arredores de Rio Branco. No final dos anos 70 retirou-se desta área, e levou parte de seu povo para o interior da floresta, numa região denominada Rio do Ouro. Foi uma verdadeira saga. O povo  trabalhava na  seringa enquanto construíam as casas e plantavam os roçados. Menos de 3 anos  depois da ocupação  do Rio do Ouro, se retirou  devido a questões de conflitos fundiários e fundou o assentamento que se transformaria na atual Vila Céu do Mapiá, no município de Pauini, Amazonas.

A iniciativa cresceu sob sua liderança espiritual e seu exemplo de trabalho. Dirigia pessoalmente mutirões, acolhia pobres, doentes e necessitados.

Desde 1974, ainda em Rio Branco, mandou registrar sua entidade, o Centro Eclético de Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra ( CEFLURIS ), com sede na cidade do Rio Branco, como um centro espírita estruturado sob a forma de sociedade religiosa sem fins lucrativos, responsável pela organização da Doutrina e pela feitura e distribuição da bebida sacramental utilizada nos rituais. A partir de 1998 foi feita uma reforma Institucional e foi criada a figura jurídica da ICEFLU- Igreja do Culto eclético da Fluente Luz Universal patrono Sebastião Mota de Melo e o Instituto Cefluris para administrar  o nosso trabalho social e ambiental.

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O Padrinho Sebastião, como era carinhosamente chamado por seus afilhados, faleceu em 20 de janeiro de 1990 no Rio de Janeiro, vítima de uma insuficiência cardíaca que o fez sofrer nos últimos anos. Além da viúva, senhora Rita Gregório de Melo, deixou aos filhos Alfredo e Waldete, respectivamente, como responsáveis pela continuação de sua missão espiritual e de seu trabalho social e comunitário, Em 1987 foi criada uma associação de moradores, cuja diretoria é eleita periodicamente por seus sócios. Atualmente a população da comunidade compreende cerca de 1.000 pessoas, entre a vila e pequenas colocações ao longo do Igarapé Mapiá.

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Com o crescimento espontâneo registrado nas últimas duas décadas e os desafios sociais e institucionais decorrentes, a Doutrina se espalhou por diversas regiões do País e do Mundo.

O uso do Santo Daime como sacramento enteogênico em um trabalho espiritual de autoconhecimento obedece a regras rituais recebidas espiritualmente pelo Mestre Irineu e pelo Padrinho Sebastião. Não há uso indiscriminado, pois como um sacramento, a bebida é somente distribuída em datas que obedecem ao calendário religioso anual e dentro das regras preestabelecidas.

Os hinários são rituais festivos com cânticos de Louvor a Deus, à vida e as forças da natureza, onde a bebida sacramental é consagrada e comungada dentro de um templo ou locais autorizados, sob regras estritas de comportamento e organização, além da infra- estrutura de atendimento.

Outro ritual da doutrina é o Feitio da Bebida, também sob rigorosas regras doutrinárias, que orientam os mínimos detalhes, cercado do máximo respeito, silêncio e limpeza, num clima estritamente devocional. Este é um dos principais momentos do trabalho religioso e exige muita concentração, solidariedade, esforço físico e cuidado ecológicos. O produto final de todo esse processo é o Santo Daime. Enquanto sacramento, ele é ministrado com toda a reverência nos momentos do culto. O Santo Daime, segundo acordos assumidos por nós e pelas diversas tradições religiosas que também fazem uso da bebida sacramental não pode ser comercializado. Os centros autorizados ministram os sacramentos conforme as datas dispostas pelo calendário oficial.

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   A Doutrina do Santo Daime, segundo nossos estatutos, é uma prática religiosa cristã, ecumênica, que repudia toda forma de fanatismo, sectarismo, racismo e intolerância religiosa. Através de suas condutas os seguidores têm provado que a ingestão ritualística do Santo Daime no contexto religioso, ao lado da prática social decorrente da doutrina, amplia nossa capacidade perceptiva, criativa, cognitiva e de discernimento, além de ajudar a assumir nossas responsabilidades pessoais e coletivas. Constitui-se, portanto, em um agente profilático e terapêutico a serviço da elevação da consciência do ser humano.